Formação de professores de Matemática e educação básica: justiça social e equidade no processo de reconstrução da democracia brasileira
DOI:
https://doi.org/10.69906/GEPEM.2176-2988.2024.995Palavras-chave:
Formação de professores, Licenciatura em Matemática, BNCC e BNCC-formação, CNE, Práticas de formação insurgentesResumo
O lugar e a formação de professores que ensinam Matemática são tomados, neste texto, como questão de sociedade e são discutidos em três âmbitos: - dos contextos práticos onde ocorrem; - dos processos de institucionalização; - dos sinalizadores de pesquisas produzidas em Educação Matemática. Identificam-se atravessamentos, interdições e apagamentos que decorrem do contexto sociopolítico brasileiro marcado por profundas desigualdades e injustiça sociais e por fortes disputas de interesses, projetos e governança na educação. Ainda como elementos que ajudaram na produção deste texto considera-se o professor e seus formadores sujeitos dotados de capacidade crítica e reflexividade que dignificam o profissional e a profissão, permitindo-lhes exercer sua autonomia, escapar da tutela e controle de terceiros. A produção deste trabalho se baseou no exame analítico de oito textos de pesquisadores brasileiros incidindo a atenção mais nos focos e menos nos enfoques teóricos/metodológicos dessa pequena seleção de textos. Tal escolha levou em conta a bem-sucedida prática de cartografar saberes docentes e fundamentos da pesquisa em Educação Matemática em fóruns da área, e em reuniões anteriores da ANPED. Ao focalizar questões e objetivos dos textos vislumbrou-se convergências entre estudos como a emergência de práticas de formação insurgentes forjadas a contrapelo de injunções provocadas por políticas educacionais em curso.
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