Branca, azul e vermelha: de que formação docente uma matemática é capaz?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.69906/GEPEM.2176-2988.2024.973

Palavras-chave:

relações étnico-raciais, estatística e probabilidade, dessubjetivação, experimentação

Resumo

Uma matemática escolar que tem, em suas bases, a racionalidade moderna com seus propósitos e princípios: liberdade, igualdade e fraternidade, que, desde a Revolução Francesa, produz e faz produzir um mundo. Que matemática? Que formação docente? Uma problematização se dá a partir de uma experimentação entre formação docente e BNCC. Um docente de matemática da escola básico, ocupado com seu próprio enegrecer e com o enegrecer de sua sala de aula, oferece experimentação que dá a ver discussões étnico-raciais em meio a leitura de dados estatísticos. Que matemática para uma liberdade? Que matemática para igualdade? Que matemática para uma fraternidade? Uma torção na trilogia das cores da Revolução Francesa vai se insinuando: como uma matemática opera produzindo torções nos valores da racionalidade moderna e do Iluminismo, torcendo liberdade, igualdade e fraternidade? Uma formação docente em matemática se encontra com uma experimentação que torce e faz torcer sua igualdade branca, que torce e faz torcer sua liberdade azul, que torce e faz torcer sua fraternidade vermelha: quanto de cores suporta uma igualdade? Quanto de cores é capaz de fazer compor uma tal racionalidade moderna e ocidental e europeia?

Biografia do Autor

Margareth Sacramento Rotondo, Universidade Federal de Juiz de Fora

Doutora em Educação Matemática pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Campus Rio Claro (UNESP). Professora Associada da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil.

Sônia Maria Clareto, Universidade Federal de Juiz de Fora

Doutora em Educação Matemática pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Campus Rio Claro (UNESP). Professora Titular da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil.

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Publicado

01-07-2024

Como Citar

ROTONDO, M. S.; CLARETO, S. M.; CAMMAROTA, G. Branca, azul e vermelha: de que formação docente uma matemática é capaz?. Boletim GEPEM, [S. l.], v. 1, n. 84, p. 93–109, 2024. DOI: 10.69906/GEPEM.2176-2988.2024.973. Disponível em: https://periodicos.ufrrj.br/index.php/gepem/article/view/973. Acesso em: 21 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos