Marcadores sociais da diferença, interseccionalidade e a necessária articulação com formação de professories que ensinam matemática
DOI:
https://doi.org/10.4322/gepem.2023.021Resumo
Neste artigo, a partir do reconhecimento de que devemos compreender os processos de desigualdade como únicos, e considerando os diferentes marcadores sociais que constituem cada pessoa, trabalhamos a perspectiva de fomentar que as pessoas se encontrem com suas próprias diferenças, principalmente no que diz respeito a uma formação de professories que ensinam Matemática estruturada sob essa perspectiva. Para isso, utilizamos a interseccionalidade como categoria analítica, uma vez que entendemos que tal conceito é de extrema importância para o auto(re)conhecimento e a autoaceitação. Inicialmente, propomos marcadores sociais associados a gêneros e sexualidades como lentes para análise, considerando a emergência dessa temática para o campo da Educação Matemática. Em sequência, ampliamos esse olhar trazendo uma perspectiva interseccional e denunciando a ausência desse debate nas pesquisas do campo, assim como em formações de professories que ensinam Matemática. Finalizamos com algumas inquietações e movimentações necessárias para que seja possível pensarmos em uma (Educação) Matemática e espaços de formação que considerem as (r)existências de cada pessoa em sua totalidade e reconheçam os diferentes marcadores sociais da diferença que, por muitas vezes, estão associados à exclusão, intolerância ou invisibilização das pessoas em espaços nos quais a Matemática se faz presente.
Referências
BERGER, Peter L.; BERGER, Brigitte. O que é uma instituição social? In: FORACCHI, Marialice Mencarini; MARTINS, José de Souza (Orgs.). Sociologia e Sociedade: leituras de introdução à sociologia. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos, 1977.
BRAH, Avtar. Travels in negotiations: difference, identity, politics. Journal of Creative Communications, v. 2, p. 245-256, 2007
BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CNE/CP 2/2019. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação), 2019. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2019-pdf/135951-rcp002-19/file. Acesso em: 06 set. 2023.
BUTTLER, Judith. Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2003.
CAPELLINI, Vera Lúcia Messias Fialho; FONSECA, Kátia de Abreu. A escola inclusiva: seus pressupostos e movimentos. Revista Brasileira de Psicologia e Educação, v. 19, n. 1, p. 107-127, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.30715/rbpe.v19.n1.2017.10824. Acesso em: 06 set. 2023
COLLINS, Patricia Hills; BILGE, Sirma. Intersectionality (Interseccionalidade). Polity Press, 2016.
CONNELL, Raewyn; MESSERSCHMIDT. Masculinidade hegêmonica: repensando o conceito. Estudos Feministas, v. 21, n. 1, p. 241-282, 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ref/a/cPBKdXV63LVw75GrVvH39NC/?lang=pt. Acesso em: 07 set. 2023
CRENSHAW, Kimberlé Williams. Mapping the Margins: Intersectionality, Identity, Politics, and Violence Against Woman of Color. Stanford Law Review, v. 43, n. 6, p. 1241-1299, 1991.
DETONI, Hugo dos Reis; MENDES, Luísa Cardoso; ESQUINCALHA, Agnaldo da Conceição. MatematiQueer como lócus de resistência à escalada do conservadorismo e fomento à formação em gêneros, sexualidades e educação matemática. Revista Brasileira de Estudos da Homocultura, 2024, no prelo.
DINIZ, Ivanise Gomes Arcanjo; DINIZ, Leandro do Nascimento; SANTOS, Luís Rodrigo Ferreira. Uma proposta de sequência didática para ensino de gráficos estatísticos a partir da interseccionalidade entre sexo e raça com temáticas de uma análise socioeconômica. Revista Binacional Brasil Argentina, v. 9, n. 1, 2020. https://doi.org/10.22481/rbba.v9i1.6690.
DURVAL, Anna Lydia Azevedo. Maria vai com quais outras? A construção de subjetividades a partir da figura feminina nos livros didáticos de Matemática. 2023. 228 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Matemática) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Matemática, Rio de Janeiro, 2023. Disponível em: https://pemat.im.ufrj.br/index.php/pt/producao-cientifica/dissertacoes/108-2023/388-maria-vai-com-quais-outras-a-construcao-de-subjetividades-a-partir-da-figura-feminina-nos-livros-didaticos-de-matematica. Acesso em 15 set. 2023.
ESQUINCALHA, Agnaldo da Conceição; THIENGO, Edmar Reis; SOARES, Marcelo Chaves. Gênero, sexualidade e outros marcadores sociais de diferença nas aulas de matemática. A importância da interseccionalidade. In: ESQUINCALHA, Agnaldo da Conceição (Org.). Estudos de Gênero: o que Matemática tem a ver com isso? Brasília, DF: SBEM Nacional, 2024.
FREITAS, João Gabriel Souza. Preto, Pobre, Gay e Professor de Matemática: um ecoar de uma voz, um corpo e uma Matemática in/exclusiva. 2022. 81f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Matemática) – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Instituto de Matemática, Campo Grande, 2022. Disponível em: https://repositorio.ufms.br/bitstream/123456789/5621/1/Monografia%20-%20João%20Gabriel%20Souza%20Freitas.pdf. Acesso em 15 set. 2023.
GUSE, Hygor Batista. Um olhar interseccional para as vivências de docentes que ensinam Matemática. In: XXVI Encontro Brasileiro de Estudantes de Pós-Graduação em Educação Matemática, Anais do XXVI EBRAPEM, 2022. Disponível em: https://www.even3.com.br/anais/ebrapem2022/563422-um-olhar-interseccional-para-as-vivencias-de-docentes-que-ensinam-matematica/. Acesso em: 06 set. 2023.
GUSE, Hygor Batista; WAISE, Tadeu Silveira; ESQUINCALHA, Agnaldo da Conceição. O que pensam licenciandos(as) em matemática sobre sua formação para lidar com a diversidade sexual e de gênero em sala de aula? Revista Baiana de Educação Matemática, v. 1, e202012, 2020. https://doi.org/10.47207/rbem.v1i.9898.
hooks, bell. Escrever além da raça: teoria e prática. Tradução: Jess Oliveira. São Paulo: Elefante, 2022.
LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação. Uma perspectiva pós-estruturalista. 6 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
LUNA, Jéssica Maria Oliveira de. Dos apagamentos históricos aos feminismos plurais: narrativas de licenciandas em matemática sobre seus percursos formativos. 2022. 175f. Tese (Doutorado em Ensino e História da Matemática e da Física), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2022.
MENDICK, Heather. Masculinities in Mathematics. McGraw-Hill Education, 2006.
MENDES, Luísa Cardoso; REIS, Washington Santos dos; ESQUINCALHA, Agnaldo da Conceição. Por que algumas pessoas se incomodam com a pesquisa sobre gêneros e sexualidades em Educação Matemática? In: ESQUINCALHA, Agnaldo da Conceição (Org.). Estudos de gênero e sexualidades em Educação Matemática: tensionamentos e possibilidades. Brasília, DF: SBEM Nacional, 2022. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1dOiY-dNhCCcohOPFUJY1qYGMTRpsIWWO/view. Acesso em 15 set. 2023.
MENEZES, Márcia Barbosa de. Interseccionalidades de Gênero, Raça e Classe Social na trajetória de duas mulheres no campo da matemática. In: XV Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia, Anais do XV SHNCT, 2016. Disponível em: https://www.15snhct.sbhc.org.br/resources/anais/12/1470862759_ARQUIVO_ARTIGOPO15SEMINARIOEMFLORIPA.pdf. Acesso em: 07 set. 2023.
NETO, Vanessa Franco; BORGES, Luiza Batista; OLIVEIRA, Thays Alves de. O que as matemáticas têm a ver com as questões de gênero? Indagando estudantes sobre o tema. In: ESQUINCALHA, Agnaldo da Conceição (Org.). Estudos de gênero e sexualidades em Educação Matemática: tensionamentos e possibilidades. Brasília, DF: SBEM Nacional, 2022. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1dOiY-dNhCCcohOPFUJY1qYGMTRpsIWWO/view. Acesso em 15 set. 2023.
NÓVOA, António. O passado e o presente dos professores. In: NÓVOA, António. (Org.). Profissão professor. Lisboa: Porto Editora, 1992.
OLIVEIRA, Thays Alves de; NETO, Vanessa Franco. Interseccionalidade e Educação Matemática: Uma proposta de Revisão de Literatura. In: IX Congresso Iberoamericano de Educação Matemática, Anais do IX CIBEM, 2022. Disponível em:https://drive.google.com/file/d/14bezDGvVDU2cCQMDPbl8V1CZLx65l83C/view. Acesso em 18 set. 2023.
ORLANDI, Eni P. Ser diferente é ser diferente: a quem interessa as Minorias? In: ORLANDI, Eni P. (Org.). Linguagem, Sociedade, Políticas. Pouso Alegre: UNIVAS; Campinas: RG Editores, 2014.
PERPÉTUO, Claudia Lopes. O conceito de interseccionalidade: contribuições para a formação no Ensino Superior. In: V Simpósio Internacional em Educação Sexual, Anais do V SIES, 2017. Disponível em: http://www.sies.uem.br/trabalhos/2017/3159.pdf. Acesso em: 06 set. 2023.
PISCITELLI, Adriana. Interseccionalidade, categorias de articulação e experiências de migrantes brasileiras. Sociedade e Cultura, v. 11, n. 2, p. 263-274, 2008.
https://doi.org/10.5216/sec.v11i2.5247
REIS, Washington Santos dos; ESQUINCALHA, Agnaldo da Conceição. Por uma virada sociopolítica: a importância da discussão sobre gêneros e sexualidades nas aulas e na pesquisa em (Educação) Matemática. In: ESQUINCALHA, Agnaldo da Conceição. (Org.). Estudos de gênero e sexualidades em Educação Matemática: tensionamentos e possibilidades. Brasília, DF: SBEM Nacional, 2022. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1dOiY-dNhCCcohOPFUJY1qYGMTRpsIWWO/view. Acesso em 15 set. 2023.
SILVA, Joyce Alves da. 1° prefácio: Por uma Educação Matemática plural e colorida. In: ESQUINCALHA, Agnaldo da Conceição (Org.). Estudos de gênero e sexualidades em Educação Matemática: tensionamentos e possibilidades. Brasília, DF: SBEM Nacional, 2022. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1dOiY-dNhCCcohOPFUJY1qYGMTRpsIWWO/view. Acesso em 15 set. 2023.
SKOVSMOSE, Ole. Inclusões, Encontros e Cenários. Educação Matemática em Revista, v. 24, n. 64, p. 16-32, 2019.
ZAMBONI, Marcio. Marcadores sociais da diferença. Sociologia: grandes temas do conhecimento (Especial Desigualdades), v. 1, p. 14-18, 2014. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5509716/mod_resource/content/0/ZAMBONI_MarcadoresSociais.pdf. Acesso em: 08 set. 2023.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Boletim GEPEM
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.