“Negra não serve, coloquem a Negra no seu lugar”: profissões, gênero e raça

Autores

DOI:

https://doi.org/10.4322/gepem.2023.018

Palavras-chave:

Invenções, Pertencimento, Mulheres Negras, Profissões

Resumo

O presente artigo tem como objetivo apresentar uma discussão referente às profissões pré-estabelecidas ou, como temos trabalhado, inventadas, às mulheres negras, devido à cor de sua pele. Indagamos o lugar que o corpo das mulheres negras tem ocupado nos espaços profissionais, em específico no espaço acadêmico como docentes. Pensando nisso, por meio de narrativas produzidas para pesquisa de Mestrado em Educação Matemática, problematizamos e discordamos das normalizações assim como as padronizações que a construção social impõe dia após dia às mulheres negras. Discutimos a invenção dos espaços para essas mulheres que têm tentado subverter e se tornar pertencentes a eles. Apresentamos e “concluímos” que postos de trabalho superexplorados, em específicos os de servidão, são geralmente atribuídos a determinadas formas de vida, determinados corpos. Diante disso, nosso artigo não apresentará uma produção que sanará e responderá suas dúvidas. Queremos pensar e dialogar com as leitoras para, no final - ou no início - nos questionarmos: Que profissões são ditas para mulheres negras? Por que são ditas? Quem define quem diz? Quem dá o direito de definir? Quem ocupa os espaços das Universidades, ou seja, quem tem ocupado os espaços de poder?

Biografia do Autor

Thays Alves de Oliveira, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS

Mestranda em Educação Matemática pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da UFMS (PPGEduMat). Possui graduação em Licenciatura em Matemática pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (2021), foi bolsista pelos Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) e pelo Programa de Residência Pedagógica, ambas em Matemática. Atualmente faz parte do Grupo de Pesquisa NIEMS - Núcleo de Investigações em Educação Matemática e Sociedade do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática, pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Onde pesquisa sobre o processo de formação de professoras negras, ou seja, Questões Raciais na Educação Matemática. Apresenta interesse nos seguintes temas: Formação de Professores; Questões Raciais; Questões Sociais; Debate de Gênero; Feminismo Negro; Interseccionalidade.

Daniele Costa Silva, Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR

Doutora em Engenharia Elétrica (2015), mestre em Matemática Aplicada (2010) e licenciada em Matemática (2007) pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente é docente da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), desenvolvendo pesquisa e extensão na área Multidisciplinar com ênfase em Estudos de Gênero. Além de pesquisas na área de Pesquisa Operacional com ênfase em Aplicações de Programação Linear e Resolução de Sistemas Lineares de Grande Porte.

Vanessa Franco Neto , Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS

Mãe da Rosa, esteve em licença maternidade entre 09/2021-03/2022. Possui graduação em matemática pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2009), mestrado em Educação Matemática pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (2011) e doutorado em Educação Matemática pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (2019). Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, onde trabalha na licenciatura em Educação do Campo (Faed/UFMS) e na Pós-Graduação em Educação Matemática (INMA/UFMS). Tem interesse pelos seguintes temas: Interseccionalidade e Estudos de Gênero e Educação do Campo. É líder do Núcleo de Investigações Educação Matemática e Sociedade (NIEMS) além de uma das editoras chefe da Revista Perspectivas em Educação Matemática (Qualis A2).

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Publicado

30-12-2023

Como Citar

ALVES DE OLIVEIRA, T.; COSTA SILVA, D.; FRANCO NETO , V. “Negra não serve, coloquem a Negra no seu lugar”: profissões, gênero e raça. Boletim GEPEM, [S. l.], n. 83, p. 194–214, 2023. DOI: 10.4322/gepem.2023.018. Disponível em: https://periodicos.ufrrj.br/index.php/gepem/article/view/842. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Gênero e Educação Matemática