Caso(s) de Família: o dia em que a Análise Combinatória se descobriu Heteronormativa

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DOI:

https://doi.org/10.69906/GEPEM.2176-2988.2023.837

Resumo

O artigo teve por objetivo analisar o conteúdo de Análise Combinatória em 10 coleções de livros didáticos, referentes às obras didáticas específicas, que foram aprovadas pelo PNLD 2021, de forma transversalizada aos Estudos de Gênero e Sexualidade. Isso aconteceu mediante uma análise discursiva de inspiração foucaultiana, em que buscou-se entender as relações de poder relacionadas à heteronormatividade que atravessam o conteúdo de Análise Combinatória. Os resultados mostraram que o referido conteúdo é constituído por enunciados, cujas regras fixam um único tipo de casal, o heterossexual, e um único tipo de família, a nuclear, formada por pai/homem, mãe/mulher e filhos. Isso significa que, ao mesmo tempo que um importante conteúdo de matemática é ensinado, também é um único modo de ser, estar e viver em sociedade, compactuando com verdades construídas e difundidas por alguns discursos, como o neopentecostal, neoliberal e o científico biológico. Por isso, a necessidade de se praticar uma pedagogia queer nos currículos de matemática, com fins de celebrar a diversidade e não a naturalização de um único estilo de sociedade.

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Publicado

30-12-2023

Como Citar

GOMES DE OLIVEIRA, J. C.; GOMES ASSUNÇÃO, R. .; RIBEIRO DE ANDRADE , A. Caso(s) de Família: o dia em que a Análise Combinatória se descobriu Heteronormativa . Boletim GEPEM, [S. l.], n. 83, p. 155–176, 2023. DOI: 10.69906/GEPEM.2176-2988.2023.837. Disponível em: https://periodicos.ufrrj.br/index.php/gepem/article/view/837. Acesso em: 27 jul. 2024.

Edição

Seção

Gênero e Educação Matemática