“Por que que tem que ser um garoto que adora brincar com os números?”: ponderações sobre práticas sexistas em questões de Matemática do Enem

Autores

DOI:

https://doi.org/10.69906/GEPEM.2176-2988.2023.808

Palavras-chave:

Gênero, Educação Matemática, Sexismo, Formação Inicial de Professoras e Professores, Práticas Discursivas

Resumo

Este artigo, recorte de uma pesquisa de mestrado finalizada, insere-se no contexto das investigações no campo da Educação Matemática comprometidas não só com a reflexão sobre a relação entre gênero e Matemática na formação inicial de professoras e professores mas também com o enfrentamento de desigualdades. Assim, o objetivo do artigo é investigar apropriações discursivas de licenciandos no entremeio de discussões que envolvem gênero e Matemática. Para tanto, este estudo fundamenta-se em autoras e autores que elaboram ideias sobre gênero, sexismo e práticas discursivas. Assim, com vistas a atender o objetivo proposto, realizou-se uma investigação de natureza qualitativa na qual o material empírico foi produzido a partir da triangulação de informações decorrentes de um questionário inicial, de registros de dez encontros de um grupo focal e de entrevistas com os seis participantes. A partir da análise desse material, destaca-se que as licenciandas e o licenciando participantes não só reconheceram em algumas questões do Exame Nacional do Ensino Médio práticas sexistas – notadas em uma valorização do saber do homem e em uma invisibilidade do saber da mulher – como também evidenciaram incômodo com tal situação.

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Publicado

30-12-2023

Como Citar

BORGES, L.; DEODATO, A. A. . “Por que que tem que ser um garoto que adora brincar com os números?”: ponderações sobre práticas sexistas em questões de Matemática do Enem. Boletim GEPEM, [S. l.], n. 83, p. 239–264, 2023. DOI: 10.69906/GEPEM.2176-2988.2023.808. Disponível em: https://periodicos.ufrrj.br/index.php/gepem/article/view/808. Acesso em: 27 jul. 2024.

Edição

Seção

Gênero e Educação Matemática