Professor, dividir não diminui? Relativizando possíveis verdades matemáticas mediante o uso da calculadora

Autores

  • Wagner da Silveira Marques Professor, UCAM e FAETEC/RJ

DOI:

https://doi.org/10.69906/GEPEM.2176-2988.2016.80

Palavras-chave:

Divisão, Calculadora, Atividades Instigadoras

Resumo

Relativizar verdades matemáticas pode ser um bom caminho para permitir a construção do conhecimento dos alunos. Trazemos o recorte de uma pesquisa na qual foram implementadas atividades instigadoras em um grupo de alunos do primeiro ano do Ensino Médio Profissionalizante, trabalhando em duplas, com o objetivo de verificar como eles se comportam diante de uma divisão representada por uma fração cujo denominador é um número decimal compreendido entre zero e um, promovendo uma análise sob a luz de Vygotsky e Bakhtin. Nossos instrumentos de coleta de dados foram o diário de campo do investigador, as respostas das atividades, as reflexões individuais dos alunos e gravações em áudio A primeira análise destaca que uma dupla de discentes, para a qual a atividade se mostrou instigadora desde o início, exibiu indícios de apropriação de nova realidade conceitual, desconstruindo a ideia de que dividir sempre diminui, à medida que pistas eram fornecidas. A segunda análise revela que a desestabilização provocada pelo professor sobre uma estudante faz com que a mesma aparente ter transformado sua verdade em dúvida, momento em que a atividade passa a se mostrar instigadora, mas que não parece demonstrar que a aluna tenha passado a um novo nível de conhecimento. Embora a calculadora ainda seja um recurso antigo, pode, mesmo em tempos atuais, ser inovadora em sala de aula.

Referências

ALBIN, I. C. C. Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Disponível em: <http://www.dicionariompb.com.br/ataulfo-alves/dados-artisticos>. Acesso em: 16 Fev 2015.

ALVES-MAZZOTTI, A.J.; GEWANDSZNAJER, F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira, 1998.

BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da linguagem. 12ª ed. São Paulo: Hucitec, 2006.

BIGODE, A. J. L. Explorando o uso da calculadora no ensino de Matemática para jovens e adultos. In: VÓVIO, Cláudia; IRELAND, Timothy (orgs.). Construção coletiva: contribuições à educação de jovens e adultos. Coleção Educação para Todos. Brasília: MEC, 2005.

BIGODE, A. J. L. Explorando o uso da calculadora no ensino de Matemática para jovens e adultos. Alfabetização e cidadania, n. 6, 1997, p. 67-79.

BORBA, M.C.; ARAÚJO, J.L. Construindo pesquisas coletivamente em Educação Matemática. In: BORBA, M.C.; ARAÚJO, J.L. (org) Pesquisa qualitativa em educação matemática. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012.

BORBA, R. E. S. R.; SELVA, A. C. V. O que pesquisas têm evidenciado sobre o uso da calculadora na sala de aula dos anos iniciais de escolarização? In: Educação Matemática em Revista, v.1, n.10, 2009, p. 49-63.

FLICK, U. Desenho da pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed, 2009.

FREITAS, M.T.A. A pesquisa de abordagem histórico-cultural: um espaço educativo de constituição de sujeitos. In: Revista Teias, v.10, n. 19, 2009.

FREITAS, M.T.A. A perspectiva sócio-histórica: uma visão humana da construção do conhecimento. In: FREITAS, M.T.; SOUZA, S.J.; KRAMER, S. (orgs.). Ciências humanas e pesquisa: leituras de Mikhail Bakhtin. São Paulo: Cortez, 2007.

GIMÉNEZ, J.; BAIRRAL, M. A. Frações no Ensino Fundamental: Conceituação, Jogos e Atividades Lúdicas. Seropédica: Edur, 2004.

LUDKE, M.; ANDRÉ, M.E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

MARQUES, W., BAIRRAL, M. Na calculadora é ponto ou vírgula? Analisando interações discentes sob as lentes de Vygotsky e Bakhtin. Seropédica: EDUR, 2014.

MARQUES, W. S. De que forma a calculadora auxilia no pensamento matemático? In: Anais do XI SEAMA – Semana Acadêmica de Matemática da UFRRJ. Seropédica, RJ, 2013.

MARQUES, W. S. Calculadoras em aulas de matemática: perspectiva instigadora e interativa. In: Anais do VI EMEM – Encontro Mineiro de Educação Matemática. Juiz de Fora, MG, 2012.

SCHEFFER, N. F. A argumentação matemática na exploração de atividades com a calculadora gráfica e softwares gratuitos. In: BAIRRAL, M.A. (org.). Pesquisa, ensino e inovação com tecnologias em educação matemática: de calculadoras a ambientes virtuais. Seropédica: Edur, 2012.

SEIXAS, S. R., SILVA, D. As competências que a calculadora gráfica promove no ensino/aprendizagem da matemática: um estudo de caso numa turma do 11º ano. In: Revista Interacções, v. 6, n. 15, 2010, p. 141-172.

SELVA, A. C. V., BORBA, R. E. S. R. O uso da calculadora nos anos iniciais do ensino fundamental. Coleção Tendências em Educação Matemática., 2010.

SILVA, A. L. V., CASTRO, M. R. Números reais no ensino médio e o uso da calculadora: identificando e analisando imagens conceituais. In: BAIRRAL, M.A. (org.). Pesquisa, ensino e inovação com tecnologias em educação matemática: de calculadoras a ambientes virtuais. Seropédica: EDUR, 2012.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

Downloads

Publicado

01-01-2016

Como Citar

SILVEIRA MARQUES, W. da. Professor, dividir não diminui? Relativizando possíveis verdades matemáticas mediante o uso da calculadora. Boletim GEPEM, [S. l.], n. 68, p. 66–80, 2016. DOI: 10.69906/GEPEM.2176-2988.2016.80. Disponível em: https://periodicos.ufrrj.br/index.php/gepem/article/view/80. Acesso em: 28 set. 2024.

Edição

Seção

Artigos