Quando as políticas curriculares e a pesquisa educacional mandam: reflexões sobre a colonização do trabalho docente
DOI:
https://doi.org/10.69906/GEPEM.2176-2988.2015.64Palavras-chave:
Políticas curriculares, Pesquisa em Educação em Ciências e Matemática, Formação docente, Autonomia docenteResumo
Este artigo se propõe a examinar o tratamento reservado às práticas docentes pelas políticas curriculares e pela pesquisa educacional, especialmente a da área de Educação em Ciências e Matemática. São apresentadas contribuições de autores que discutem a autonomia docente, como referências para analisar textos de políticas curriculares e de pesquisa que parecem mais despotencializar a docência e seus sujeitos do que reafirmá-los profissionalmente. Por um lado, argumenta-se que políticas curriculares que associam currículo único a um sistema de avaliação de larga escala submetem a ação docente ao controle por meio de gerenciamentos, meritocracia, ranqueamentos, sistemas de bonificação e uso de materiais pedagógicos de caráter genérico e homogêneo. Por outro lado, sugere-se que pesquisas pautadas por normatividade também assumem voz de mando, quando pretendem afirmar o que o professor deve saber, fazer e ser. Por fim, o artigo provoca uma reflexão acerca da agenda de pesquisa educacional de modo a fortalecer a profissão docente.
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