Vozes de Mulheres na Academia: Evidenciando armadilhas de invisibilização

Autores

  • Carolina Salviano Bezerra Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Victor Augusto Giraldo Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Ulisses Dias da Silva Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.4322/gepem.2022.011

Palavras-chave:

Relações de gênero, Mulheres, Matemática, Feminismos decoloniais, Narrativas

Resumo

Considerada frequentemente como uma ciência essencialmente masculina, devido a supostos padrões de rigor e dificuldade, chegou-se a acreditar que fatores biológicos explicariam a predominância de homens em Matemática. Evidencia-se, assim, a necessidade de desvelar a naturalização de hierarquias de gênero. Neste trabalho, refletimos sobre vivências de mulheres em contextos acadêmicos, a partir de narrativas de uma professora de Matemática da educação superior brasileira. Com base em dados produzidos em uma entrevista semiestruturada, em que a participante narra sua trajetória profissional, procuramos capturar formas implícitas ou explicitas de subordinação de gênero, a partir de uma lente teórica decolonial. Nossos resultados confirmam que vivências de mulheres em contextos acadêmicos em Matemática são atravessadas por traços e efeitos de patriarcado e de colonialidade de gênero, resultantes do estabelecimento de hierarquias sociais baseadas em raça, gênero e classe, segundo as quais à mulher é atribuído um papel de subalternidade frente à figura masculina.

Referências

ADICHIE, C. N. Sejamos todos feministas. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2014. ARARUNA, L. S. O machismo não é uma piada. 32f. Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado em Ciência Política). Universidade de Brasília, Brasília, 2016.

ÁVILA, R. C.; PORTES, É. A. Notas sobre a mulher contemporânea no ensino superior. Mal-estar e Sociedade, v. 2, n. 2, p. 91-106, 2009.

BOALER, J. Mentalidades Matemáticas: estimulando o potencial dos estudantes por meio da matemática criativa, das mensagens inspiradoras e do ensino inovador. São Paulo: Penso Editora, 2018.

BRASIL. Lei de 15 de outubro de 1827. Lei das Escolas de Primeiras Letras. Lei das Escolas de Primeiras Letras. Manda criar escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos do Império. Registrada na Chancelaria-mor do Império do Brazil a fl. 85 do Livro 1º cartas, leis e alvarás. Rio de Janeiro, 31 de outubro de 1827. Disponível em https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei_sn/1824-1899/lei-38398-15-outubro-1827-566692- publicacaooriginal-90222-pl.html. Acesso em 08 ago. 2020

CHANTER, T. Gênero: conceitos-chave em filosofia. São Paulo: Editora Artmed, 2011. COSTA, C. K. L. (2012). Feminismo e tradução cultural: sobre a colonialidade de gênero e adescolonização do saber. Portuguese Cultural Studies, v. 4, 2012.

CRESWELL, J. W. Investigação Qualitativa e Projeto de Pesquisa: Escolhendo entre CincoAbordagens. Porto Alegre: Penso Editora, 2014.

DWECK, C. Mindset: a nova psicologia do sucesso. Objetiva, 2017.

ESCOBAR, A. O lugar da natureza e a natureza do lugar: globalização ou pós-desenvolvimento. In: A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, p. 133-168, 2005.

FONSECA, D. J. Você conhece aquela? A piada, o riso e o racismo à brasileira. São Paulo: SeloNegro, 2012.

FREITAS, M. E. Assédio moral e assédio sexual: faces do poder perverso nas organizações.Revista de Administração de Empresas, v. 41, n. 2, p. 8-19, 2001.

GELLIS, A.; HAMUD, M. I. L. Sentimento de culpa na obra freudiana: universal e inconsciente.Psicologia USP, v. 22, n. 3, p. 635-654, 2011.

HOOKS, B. Mulheres negras: moldando a teoria feminista. Revista Brasileira de Ciência Política, n. 16, p. 193-210, 2015.

HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: A educação como prática da liberdade. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2013.

KERSEY, A. J., Csumitta, K.D.; Cantlon, J.F. Semelhanças de gênero no cérebro durante o desenvolvimento da matemática. Npj Sci. Aprender. 4, 2019.

GONZALES, L. Women Organising for Change: Confronting the Crisis in Latin America. Isis International, in coordination with Development Alternatives with Women for a New Era (Dawn), Book Series, v. 2, 1988.

LIMA, E. S. A experiência pessoal conta muito. Revista Cláudia, Editora Abril, Ano 44, n. 4, abril.2005, p. 62-63.

LOURO, G. L. Gênero, sexualidade e educação. Uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.

LOURO, G. L. Sexualidade e gênero na escola. A educação em tempos de globalização. Rio deJaneiro: DP&A, p. 69-73, 2001.

LUGONES, M. Heterosexualism and the colonial/modern gender system. Hypatia, v. 22, n. 1, p.186–209, 2007.

LUGONES, M. Colonidad y género. Tabula rasa, n. 09, p. 73-101, 2008.

LUGONES, M. Rumo a um feminismo descolonial. Revista Estudos Feministas, v. 22, n. 3, p.935-952, 2014.

LUTZ, C. The gender of theory. In: BEHAR, R.; GORDON, D. (Eds), Women Writing Culture. Berkeley: University of California Press, 1995, p. 249-266.

MIGNOLO, W. D. Histórias locais-projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2003.

QUIJANO, A. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, E. (Org.). A colonialidade do saber – eurocentrismo e ciências sociais, perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005.

SCOTT, J. Gender: a useful category of historical analyses. Gender and the politics of history. New York: Columbia University Press, 1989.

SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Mulher e realidade: mulher e educação, v. 16, n. 2, jul/dez de 1990.

SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Porto Alegre: Educ Realidade. v. 20,1995.

SOUSA, V.; CARVALHO, M. Por uma educação escolar não-sexista. João Pessoa: EditoraUniversitária-UFPB, 2003.

TOSI, L. A mulher brasileira, a Universidade e a pesquisa científica. Ciência e Cultura, v. 33 , n.2, p. 167-177, fev. 1981.

Downloads

Publicado

05-01-2021

Como Citar

SALVIANO BEZERRA, C. .; AUGUSTO GIRALDO, V. .; DIAS DA SILVA, U. . Vozes de Mulheres na Academia: Evidenciando armadilhas de invisibilização. Boletim GEPEM, [S. l.], n. 78, p. 68–82, 2021. DOI: 10.4322/gepem.2022.011. Disponível em: https://periodicos.ufrrj.br/index.php/gepem/article/view/452. Acesso em: 18 out. 2024.

Edição

Seção

Artigos