EXÚ, VOZ E ENCRUZILHADA
a oralidade como saber-pedagógico nos Terreiros
Resumo
Este trabalho propõe refletir sobre a oralidade como prática pedagógica. Inspirado nas epistemologias contracoloniais e nas práticas de cuidado e transmissão de saberes que atravessam as Comunidades Tradicionais de Terreiro, o estudo se ancora na figura de Exú, orixá da comunicação, das encruzilhadas e do movimento. A oralidade, nesse contexto, não é apenas método, mas princípio fundante de uma pedagogia que afirma a vida, a ancestralidade e a memória coletiva. Nossa escrita está situada no campo das epistemologias do Sul, especialmente a partir do pensamento de autores como, Muniz Sodré, Sueli Carneiro, Hampâté Bâ e Antônio Bispo, em diálogo com a tradição oral afro-brasileira que constitui os terreiros como espaços de formação integral. A oralidade aqui é compreendida como um campo de disputa simbólica e política frente à hegemonia da escrita e da racionalidade ocidental. Trata-se de reconhecer que a fala, o gesto, o silêncio e o corpo são também arquivos e mecanismos de conhecimento, e que o ensino que se dá na gira, na cozinha, no toque do tambor e nos cantos carrega pedagogias milenares, enraizadas na diáspora e na resistência. Este trabalho, portanto, propõe deslocar o olhar sobre a educação ao reconhecer a potência educativa das comunidades de terreiro, suas cosmologias e seus modos de ensinaraprender. Reivindicando o lugar das epistemologias negras e de matrizes africanas no debate acadêmico e educacional, reafirmando que Exu não é apenas o mensageiro, mas também o caminho.
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