DESFAZENDO SILÊNCIOS
Racismo patriarcal, intolerância religiosa e os caminhos de uma educação decolonial
Palavras-chave:
Memória Hegemônica, Memória Vivida, Feminismo Negro, Pensamento Decolonial, Educação AntirracistaResumo
Este ensaio propõe uma reflexão sobre caminhos para a construção de uma
educação antirracista, antissexista e comprometida com o enfrentamento à
intolerância religiosa, a partir das marcas deixadas pela Memória Hegemônica e
pela Memória Vivida, sobretudo em suas expressões ligadas ao Feminino e ao
Sagrado. O objetivo é compreender como essas memórias atuam – ou são
silenciadas – no cotidiano escolar, especialmente sobre o racismo patriarcal e a
intolerância às religiões de matriz africana. Para isso, a discussão se situa à luz
da Lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino da história e cultura africana,
afro-brasileira e indígena no sistema educacional brasileiro. Ancorado nas
abordagens teóricas do Pensamento Decolonial e do Feminismo Negro, o ensaio
adota uma perspectiva político-epistemológica que denuncia os mecanismos de
silenciamento, subalternização e apagamento histórico vividos pelo Feminino e
pelo Sagrado, atravessados por lógicas racistas, patriarcais e
euro-hétero-normativas, herdadas da modernidade/colonialidade, por meio de
estudo bibliográfico cujos achados revelam dois aspectos centrais: a) o
silenciamento do protagonismo de mulheres negras no contexto educacional; e
b) a subalternização das religiões de matriz africana, que, apesar das tentativas
de apagamento, seguem guardiãs da memória cultural africana, nas quais o
feminino é potência criadora da vida. Defende-se que qualquer projeto
educacional antirracista, antissexista e contra a intolerância religiosa precisa
romper com a amnésia de origem – o apagamento sistemático das memórias
dissidentes da lógica hegemônica. Recuperar essas experiências é compromisso
ético com justiça histórica e pluralidade epistêmica.