Dossiê Educação das Relações Étnico-Raciais e as Religiões de Matriz Africana: caminhos insurgentes

2025-04-17

Dossiê “Educação das Relações Étnico-Raciais e as Religiões de Matriz Africana: caminhos insurgentes”

 

A Educação das Relações Étnico-Raciais (ERER), conforme garantida pela Lei 10.639/2003, de um lado abriu um campo de debates e práticas que mobilizam pesquisadores, educadores e gestores públicos a encarar os silenciamentos e violências históricas sofridas no passado e que insistem em se atualizar no presente, por outro, este campo amplia modos de pensar e experimentar possibilidades de existir, de forma mais plural. Nesta direção as religiões de matriz africana emergem como um campo vivo de saberes, memórias, corpos e ancestralidade, desafiando a manutenção da colonialidade. A presença dos orixás e encantados em comunicação direta com o mundo dos vivos, mediados pelos corpos tomados emprestados, distancia-se da ideia de limitar-se ao campo espiritual, muito pelo contrário, movimenta-se atualizando uma pedagogia ancestral, que educa tanto o corpo quanto a palavra. Esse Dossiê é um espaço para a socialização de trabalhos que explorem a riqueza e a complexidade que se encontram nas interfaces entre a ERER e as religiões de matriz africana. Interessa-nos pensar o quanto e como a escola, frequentemente pautada por paradigmas eurocentrados, pode ser dinamizada por outras cosmopercepções. E é nesse ponto que evocamos Anton Wilhelm Amo, filósofo africano do século XVIII, cuja trajetória é espantosa para os limitadores de seu tempo, ele não só produz uma reflexão rigorosa, como faz uma crítica à cisão entre corpo e mente, antecipando uma insurgência que ainda precisa ser asseverada com mais força: a recusa à noção de corpo como mera extensão, inerte e colonizável. Convidamos pesquisadoras(es) a contribuir com textos que lancem luz sobre estes e outros caminhos insurgentes de educação desde o que indica o legado afro-brasileiro. 

 

Calendário 

Data limite para submissão: 30 de junho/2025